Percepção
Ellizene Lima
Deito porque minhas pernas
não suportam o peso da descrença humana.
Parece que de repente
não há motivos
para crer
em qualquer sentimento belo.
Apesar de ter entregue meu corpo
às suaves mãos do silêncio,
do conforto,
Morpheus recusa-se a acariciar-me com
suas suaves mãos.
Tenho que continuar desperta . . .
ouvindo o som apressado, de pés que se
afastam, cruzam, topam . . .
mas nunca se tocam, se afagam.
Quando abro os olhos,
vejo sorrisos forçados,
tatuados no rosto,
bem representados . . .
Se os fecho . . .
sinto insegurança, desconfiança,
mentiras ensinadas, falsidade cultivada.
O ar
é denso,
é de todos, mas nem todos o aproveitam.
Coloco novamente os pés na terra . . .
Não é chão, não é natureza, não é vida . . .
é asfalto,
é pólvora,
é sangue animal, é sangue HUMANO!
Não tenho pra onde fugir . . .
Não tenho a quem contar . . .
Natureza virou esporte . . .
Seres vivos, objetos . . .
Amor, lenda . . .
Deus, um bom negócio!
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