terça-feira, 10 de junho de 2008

Crônica-poesia de Ellizene Lima




Percepção


Ellizene Lima





Deito porque minhas pernas

não suportam o peso da descrença humana.

Parece que de repente

não há motivos

para crer

em qualquer sentimento belo.


Apesar de ter entregue meu corpo

às suaves mãos do silêncio,

do conforto,

Morpheus recusa-se a acariciar-me com

suas suaves mãos.

Tenho que continuar desperta . . .

ouvindo o som apressado, de pés que se

afastam, cruzam, topam . . .

mas nunca se tocam, se afagam.


Quando abro os olhos,

vejo sorrisos forçados,

tatuados no rosto,

bem representados . . .

Se os fecho . . .

sinto insegurança, desconfiança,

mentiras ensinadas, falsidade cultivada.

O ar

é denso,

é de todos, mas nem todos o aproveitam.


Coloco novamente os pés na terra . . .

Não é chão, não é natureza, não é vida . . .

é asfalto,

é pólvora,

é sangue animal, é sangue HUMANO!


Não tenho pra onde fugir . . .

Não tenho a quem contar . . .

Natureza virou esporte . . .

Seres vivos, objetos . . .

Amor, lenda . . .

Deus, um bom negócio!


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